Égloga Basto de Francisco de Sá de Miranda (5)
GIL
27
O moço que entra em terreiro
e não toca em chão de leve,
polo ar voa o pandeiro,
e a toda a festa se atreve
ele só c’o seu parceiro.
Este tal baile, este cante,
este seus jogos ordene, corra,
voe e passe avante;
este c’os saltos espante,
este dê penas e pene.
28
Mas quem já se vê das pontas,
nem acha o que soía em si,
começa a tomar-se contas:
- Ouvi já melhor, e vi
suar e passar afrontas.
Vês o tempo como foge
que parece que não toca?
Não queres que homem se anoje:
que me não conheci hoje
na fonte em que pus a boca!
29
E por que t’eu ora conte
de como me aconteceu,
quando m’eu tal vi de fronte,
dos olhos água correu
mais que corria da fonte.
Passou-se-me a sede em fim,
que m’aquela água trouvera;
a tal desacordo vim,
que, quando tornei em mim,
bom espaço o Sol correra.
Foto - bucolismo moderno - beldade morena bebendo sumo e
fazendo xixi ao ar livre.
Comentários
Enviar um comentário