Retificar o passado aperfeiçoa o presente








“A sociedade atual está organizada a partir do consumo, e já não a partir da produção, o que retira às categorias económicas de necessidade, satisfação, distribuição e lucro a primazia na análise da natureza e da função dos bens. O desejo de bens do consumidor não se dirige aos objetos em si, sendo antes um desejo de inclusão dentro do sistema de consumo. Para este autor, a manipulação ativa dos signos, com a infinita reprodução e a sobreprodução de imagens e signos, apagou toda a distinção entre o real e a imagem. A perda de significados estáveis que daí deriva tem sido avançada como uma característica das sociedades pós-modernas. Baudrillard analisou as fases históricas que conduziram a esta situação. Numa primeira fase, o signo reflete uma realidade. Numa segunda fase, o signo mascara e perverte uma realidade. Numa terceira fase, o signo mascara a ausência de uma realidade e numa quarta fase o signo não tem qualquer relação com nenhuma realidade; ele é o seu próprio simulacro. Esta é a fase em que se encontra a sociedade atualmente.” Em Infopédia, artigo sobre Jean Baudrillard.

Nesta última fase, na qual o signo “não tem qualquer relação com a realidade”, aquele é o engenheiro desta. E na sociedade moderna, perfeita, sentada no conhecimento científico, no saber absoluto, o signo não pode operar senão como uma ferramenta de manipulação social e política no arsenal da classe dominante, para betumar ainda mais a perfeição da sociedade em que temos a sorte de viver.

Dentro de duzentos, quinhentos, mil ou dois mil anos não veremos revoltas populares escaqueirando estátuas de George Floyd ou monumentos à escravatura, porque a perfeição que alcançámos não comporta mais perfeições, como o Ens perfectissimum de Leibniz ou o círculo perfeito desenhado por Giotto para o Papa Bonifácio VIII. Connosco começa a História boa, isenta de erros, falhas, defeitos ou glitches.

Mas esta perfeição exige revisão, limpeza, expurgação do passado de todos os erros que a humanidade cometeu e que nós nunca cometeremos. Depois de nós será la plage, removidos os paralelepípedos, os nossos sucessores só terão problemas corriqueiros como faltar o rímel ou o verniz para as unhas.   

Quem retifica o passado melhora o presente. O Ministério da Verdade (Minitrue) de Orwell ou de qualquer classe ou força política confeciona um passado idêntico ao presente e essa confeção tem de ter preocupações “sociais”. Há, de facto, um pau na engrenagem, provocado pelas diferenças biológicas entre homem e mulher, que urge destruir através da cultura, pela profusão dos signos certos.

O casal birracial mulher branca / homem preto é normal e muito difundido. Já o outro vetor, homem branco / mulher preta, é mais raro. Isto deve-se a incómodas diferenças fisiológicas. A mulher não carece de estímulos externos para se excitar, a paixonite chega e sobra. O homem, por seu lado, só se excita através dos estímulos recebidos pelos órgãos dos sentidos, ouvido, tato, som, sabor, cheiro. Não raro vemos o apaixonado pedir ao seu amor para que se dispa e ela entender isso apenas como um grande aborrecimento, porque depois terá de se vestir outra vez.

O problema está na natureza, que criou as raças com características endogâmicas, para criarem laços fortes, prosperarem e sobreviverem. Felizmente, a sociedade moderna tem os instrumentos para corrigir as falhas da natureza através da cultura. Através dos signos. 

Signo bom
(2023)

Signo mau
(1997)

Daí a importância primordial que filmes e séries de televisão patrocinem o casal homem branco / mulher preta. Como na série “Tom Jones”, baseada no livro “The History of Tom Jones, a Foundling”, de Henry Fielding. Além de corrigir um padrão de comportamento errado, transmite às novas gerações a ideia de que a Inglaterra do século XVIII é totalmente idêntica ao século XXI.

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