Retificar o passado aperfeiçoa o presente
Nesta última fase, na qual o signo “não tem qualquer relação
com a realidade”, aquele é o engenheiro desta. E na sociedade moderna,
perfeita, sentada no conhecimento científico, no saber absoluto, o signo não pode
operar senão como uma ferramenta de manipulação social e política no arsenal da
classe dominante, para betumar ainda mais a perfeição da sociedade em que temos
a sorte de viver.
Dentro de duzentos, quinhentos, mil ou dois mil anos não
veremos revoltas populares escaqueirando estátuas de George Floyd ou monumentos
à escravatura, porque a perfeição que alcançámos não comporta mais perfeições,
como o Ens perfectissimum de Leibniz ou o círculo perfeito desenhado por
Giotto para o Papa Bonifácio VIII. Connosco começa a História boa, isenta de
erros, falhas, defeitos ou glitches.
Mas esta perfeição exige revisão, limpeza, expurgação do
passado de todos os erros que a humanidade cometeu e que nós nunca cometeremos.
Depois de nós será la plage, removidos os paralelepípedos, os nossos sucessores
só terão problemas corriqueiros como faltar o rímel ou o verniz para as unhas.
Quem retifica o passado melhora o presente. O Ministério da
Verdade (Minitrue) de Orwell ou de qualquer classe ou força política confeciona
um passado idêntico ao presente e essa confeção tem de ter preocupações “sociais”.
Há, de facto, um pau na engrenagem, provocado pelas diferenças biológicas entre
homem e mulher, que urge destruir através da cultura, pela profusão dos signos certos.
O casal birracial mulher branca / homem preto é normal e
muito difundido. Já o outro vetor, homem branco / mulher preta, é mais raro. Isto
deve-se a incómodas diferenças fisiológicas. A mulher não carece de estímulos externos
para se excitar, a paixonite chega e sobra. O homem, por seu lado, só se excita
através dos estímulos recebidos pelos órgãos dos sentidos, ouvido, tato, som,
sabor, cheiro. Não raro vemos o apaixonado pedir ao seu amor para que se dispa
e ela entender isso apenas como um grande aborrecimento, porque depois terá de
se vestir outra vez.
O problema está na natureza, que criou as raças com características endogâmicas, para criarem laços fortes, prosperarem e sobreviverem. Felizmente, a sociedade moderna tem os instrumentos para corrigir as falhas da natureza através da cultura. Através dos signos.
Daí a importância primordial que filmes
e séries de televisão patrocinem o casal homem branco / mulher preta. Como na
série “Tom Jones”, baseada no livro “The History of Tom Jones, a Foundling”, de
Henry Fielding. Além de corrigir um padrão de comportamento errado, transmite às novas
gerações a ideia de que a Inglaterra do século XVIII é totalmente idêntica ao
século XXI.
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