Continua, viola essas mulheres ucranianas, mas não me contes, só não me digas

Olena Zelenska diz que mulheres dos militares russos os incentivam a violar ucranianas e denuncia violações como arma de guerra

Olena Zelenska, a primeira-dama da Ucrânia, participou numa conferência sobre violência sexual durante conflitos em Londres, onde falará esta terça-feira no parlamento, e denunciou que as próprias mulheres dos militares russos que estão em combate os incentivam a violar mulheres ucranianas, pedindo uma "resposta global" para enfrentar o problema.

A mulher do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, garantiu que a violência sexual acontece "sistematicamente e abertamente" e é perpetrada pelos invasores.

"A violência sexual é a forma mais cruel e animalesca de provar o domínio sobre alguém. E para vítimas deste tipo de violência, é difícil de testemunhar em período de guerra porque ninguém se sente seguro", disse, citada pela Sky News. "Este é outro instrumento que eles [forças russas] estão a usar como armamento. Isto é outra arma no arsenal deles nesta guerra e conflito. É por isso que o usam sistematicamente e abertamente", reiterou. 

Zelenska defendeu que a violência sexual deve ser reconhecida como crime de guerra e pediu a responsabilização dos agressores. Garantiu ainda que os militares de Moscovo falam abertamente das violações com os seus familiares, nomeadamente com as mulheres, em conversas telefónicas sobre as suas conquistas. "Na verdade, as mulheres dos militares russos encorajam isto, dizem 'continua, viola essas mulheres ucranianas, mas não me contes, só não me digas", denunciou.

Fonte: CNN Portugal, 29 de novembro de 2022

O camarada Lenine falou-me várias vezes sobre a questão feminina, à qual atribuía grande importância, uma vez que o movimento feminino era para ele parte integrante e, em certas ocasiões, parte decisiva do movimento de massas. É desnecessário dizer que ele considerava a plena igualdade social da mulher como um princípio indiscutível do comunismo.

Nossa primeira conversação longa sobre esse assunto teve lugar no outono de 1920, no seu grande gabinete, no Kremlin. Lenine estava sentado diante de sua mesa coberta de livros e de papéis, que indicavam seu tipo de ocupação e seu trabalho, mas sem exibir «a desordem dos génios».

«Devemos criar necessariamente um poderoso movimento feminino internacional, fundado sobre uma base teórica clara e precisa» — começou ele, depois de haver-me saudado. «É claro que não pode haver uma boa prática sem teoria marxista. Nós, comunistas, devemos manter sobre tal questão nossos princípios, em toda sua pureza. Devemos distinguir-nos claramente de todos os outros partidos. Infelizmente, nosso II Congresso Internacional não teve tempo de tomar posição sobre esse ponto, embora a questão feminina tivesse sido ali levantada. A culpa é da comissão, que faz com que as coisas se arrastem. Ela deve elaborar uma resolução, teses, uma linha precisa. Mas até agora seus trabalhos não avançaram muito. Deveis ajudá-la.»

Já ouvira falar do que agora me dizia Lenine e expressei-lhe meu espanto. Era uma entusiasta de tudo quanto haviam feito as mulheres russas durante a revolução, de tudo quanto ainda faziam para defendê-la e para ajudá-la a desenvolver-se. Quanto à posição e à atividade das mulheres no Partido bolchevique, parecia-me que, por este lado, o Partido se mostrava realmente à altura de sua tarefa. Só o Partido bolchevique fornece quadros experimentados, preparados, para o movimento feminino comunista internacional e, ao mesmo tempo, serve de grande exemplo histórico.

«Exato, exatíssimo» — observou Lenine com um leve sorriso. «Em Petrogrado, em Moscovo, nas cidades e nos centros industriais afastados, o comportamento das mulheres proletárias durante a revolução foi soberbo. Sem elas, muito provavelmente não teríamos vencido. Essa é minha opinião. De que coragem deram provas e que coragem mostram ainda hoje! imaginai todos os sofrimentos e as privações que suportaram… Mas mantêm-se firmes, não se curvam, porque defendem os sovietes, porque querem a liberdade e o comunismo.

Sim, as nossas operárias são magníficas, são verdadeiras lutadoras de classes. Merecem nossa admiração e nosso afeto.

Sim, possuíamos em nosso Partido companheiras seguras, capazes e incansáveis. Podemos confiar-lhes postos importantes nos sovietes, nos comités executivos, nos Comissariados do Povo, na administração. Muitas delas trabalham dia e noite no Partido ou entre as massas proletárias e camponesas, ou no Exército Vermelho. Tudo isso é muitíssimo precioso para nós. E é importante para as mulheres do mundo inteiro, porque comprova a capacidade das mulheres e o elevado valor que tem seu trabalho, para a sociedade.

A primeira ditadura do proletariado abre verdadeiramente o caminho para a completa igualdade social da mulher. Elimina mais preconceitos que a montanha de escritos sobre a igualdade feminina. E apesar de tudo isso, não possuímos ainda um movimento feminino comunista internacional. Mas devemos chegar a formá-lo, a todo custo. Devemos proceder imediatamente à sua organização. Sem esse movimento, o trabalho de nossa Internacional e das suas seções será incompleto e assim permanecerá.

Nosso trabalho revolucionário deve ser conduzido até o fim. Mas, dizei-me, como vai o trabalho comunista no exterior?»

Clara Zetkin

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Teeners from Holland

"Estrutura do fait-divers", Roland Barthes, em Ensaios Críticos (1964)

Retificar o passado aperfeiçoa o presente