Música "Rock N Roll Nigger" de Patti Smith removida das plataformas de streaming
Patti Smith recusou fazer comentários à remoção da música,
feita sem qualquer comunicado por parte das várias plataformas digitais. Covers
do tema original mantêm-se disponíveis.
“Rock N Roll Nigger”, música da cantora Patti Smith, foi
removida, de forma silenciosa, das plataformas de streaming. Em causa estará a
utilização da palavra “nigger”, que é utilizada como um insulto racista.
O tema, que se estreou no álbum “Easter”, de 1978, já não
está disponível nos serviços digitais Spotify, Apple Music, Tidal e Amazon
Music. De acordo com a revista norte-americana Rolling Stone, nenhum comunicado
foi feito por parte destas empresas, nem pela própria Patti Smith, que se
recusou a prestar declarações.
Várias covers da versão original, entre os quais um remix do
músico Trent Reznor, incluído no filme “Natural Born Killers” (1994), e uma
versão de 1995 de Marilyn Manson, continuam, no entanto, disponíveis. A música
pode também ainda ser ouvida nas versões em formato físico do álbum “Easter”.
Desde o seu lançamento, “Rock N Roll Nigger” causou
controvérsia devido aos seus versos, que usam aquele que é considerado um termo
ofensivo para a comunidade afro-americana, e que tem origem no período da
escravatura nos Estados Unidos. Ao longo dos anos, Patti Smith afirmou sempre
que o seu intuito era o de reinventar o significado da palavra:
“A ideia era pegar neste significado arcaico da palavra nigger
e reinventá-lo. Era a ideia de pegar numa palavra que era especificamente para
magoar pessoas e destruir esse significado, explodi-lo e reinventá-lo, para o
tornar num símbolo de coragem”, afirmou a cantora numa entrevista em 1996.
Devido ao seu conteúdo, a canção nunca recebeu exposição nas
rádios, apesar de ser um dos temas mais populares entre os fãs de Smith.
Durante décadas foi um tema essencial nos seus concertos ao vivo, até 2019,
altura em que Smith removeu a música da sua setlist.
Fonte: Observador, 29 de outubro de 2022
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“Por outro lado, que seria da vida, se nos metêssemos
realmente a destruir e incendiar as máquinas, as oficinas, os caminhos de
ferro? A vida tornar-se-ia um deserto pavoroso, e os operários seriam os
primeiros a privarem-se de um pedaço de pão!…
É claro que não devemos destruir as máquinas e as oficinas,
mas apoderar-nos delas, quando for possível, se verdadeiramente aspirarmos à
supressão da miséria.”
Estaline
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Estaline foi o pensador que arquitetou o século XXI estabelecendo as bases teóricas de um ecossistema fascista benévolo, no qual a liberdade advém do controlo implacável da sociedade; quanto mais autoridade, mais livres são as pessoas. Destruir património físico ou imaterial acarreta ao deserto pavoroso, a via certa é a apropriação, descontaminação dos erros passados, e serventia correta na estrutura da sociedade perfeita, a nossa.
Se não fosse Estaline, este gesto das plataformas de streaming pareceria apenas estúpido. Assim, graças aos seus ensinamentos, quanto mais se proibir, mas livres as pessoas serão.
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