A indústria da cultura
















Two and a Half Men – Holland Taylor, Georgia Engel, Jon Cryer, Ashton Kutcher, Courtney Thorne-Smith, Graham Patrick Martin, Angus T. Jones.

“A racionalidade técnica hoje é a racionalidade da própria dominação. Ela é o caráter compulsivo da sociedade alienada de si mesma. Os automóveis, as bombas e o cinema mantêm coeso o todo e chega o momento em que o seu elemento nivelador mostra a sua força na própria injustiça à qual servia. Por enquanto, a técnica da indústria cultural levou apenas à padronização e à produção em série, sacrificando o que fazia a diferença entre a lógica da obra e a do sistema social.

Isso, porém, não deve ser atribuído a nenhuma lei evolutiva da técnica enquanto tal, mas à sua função na economia atual. A necessidade que talvez pudesse escapar ao controlo central já é reprimida pelo controlo da consciência individual. A passagem do telefone à rádio separou claramente os papéis. Liberal, o telefone permitia que os participantes ainda desempenhassem o papel do sujeito. Democrática, a rádio transforma-os a todos igualmente em ouvintes, para entregá-los autoritariamente aos programas, iguais uns aos outros, das diferentes estações. Não se desenvolveu nenhum dispositivo de resposta e as emissões privadas são submetidas ao controlo. Elas limitam-se ao domínio apócrifo dos ‘amadores’, que ainda por cima são organizados de cima para baixo.”

Theodor Adorno

A indústria cultural americana extenuou a criatividade e a novidade restringindo a sua produção atual ao revisionismo da produção passada, limpando-a dos elementos ofensivos à luz das novas forças sociológicas, as minorias raciais, étnicas ou sexuais. As séries de televisão, conservando a sua função de universidade para o povo, sofrem agora a incorporação de elementos de cultura de integração ou de estilos de vida alternativo. Como sucede na série "Two and a Half Men", na nona temporada, nos episódios 19-20, os argumentistas introduzem, a martelo, porque é moda, uma noite de sexo entre Evelyn, a mãe de Alan, e Jean, a mãe da namorada de Alan. A história salaz das duas idosas morreu nesses dois episódios, porque não obedecia a nenhuma linha narrativa ou necessidade do enredo, apenas normalizava uma disposição para educação dos telespetadores.

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