Écloga de Jano e Franco de Bernardim Ribeiro (1)
Dizem que havia um pastor
antre Tejo e Odiana,
que era perdido de amor
per Da moça Joana.
Joana patas guardava
pela ribeira do Tejo,
seu pai acerca morava
e o pastor de Alentejo
era, e Jano se chamava.
Quando as fomes grandes foram
que Alentejo foi perdido,
da aldeia que chamam o Torrão
foi este pastor fugido.
Levava um pouco de gado,
que lhe ficou doutro muito
que lhe morreu de cansado;
que Alentejo era enxuito
de água e mui seco de prado.
Toda a terra foi perdida;
no campo do Tejo só
achava o gado guarida:
Ver Alentejo era um dó!
E Jano, pera salvar
o gado que lhe ficou,
foi esta terra buscar;
e, se um cuidado levou,
outro foi ele lá achar.
O dIa que ali chegou
com seu gado e com seu fato,
com tudo se agasalhou
em üa bicada de um mato.
E levando-o a pascer,
o outro dia, à ribeira,
Joana acertou de i ver,
que se andava pela beira
do Tejo, a flores colher.
Vestido branco trazia,
um pouco afrontada andava,
fermosa bem parecia
aos olhos de quem na olhava.
Jano, em vendo-a, foi pasmado;
mas, por ver que ela fazia,
escondeu-se antre um prado:
Joana flores colhia,
Jano colhia cuidado.
Foto: deliciosa labrega loira faz uma fonte de mijo ao ar livre.
Comentários
Enviar um comentário